quarta-feira, 8 de agosto de 2012


Bonde
Tramway
Modais

Ø    Rio de Janeiro 1859
Ø    Porto Alegre 1864/1970
Ø    Santos 1971

O Bonde Amarelo

“Acabaram-se os bondes amarelos …
A frase me saiu em decassílabo, viste?
E o metro clássico já faz adivinhar um soneto.
Ficou neste verso único.
E deixo o bonde depositado em meu ferro-velho sentimental.
Aqui. Parado. Sonhando.
Quem sabe se um dia …”
                                                                                                                Mario Quintana

O serviço de bonde esteve ou está presente em muitas partas do planeta.

Mundo
América do Norte - Nova York*Chicago*Seattle*Toronto*Montreal*
Europa - Paris*Londres*Madrid*Moscou
África - Cairo*Pretória*
Ásia - Tókio*Hong Kong*Shanghai*Délhi*Dubai*
Oceania - Camberra*Wellington*
América Central - México*Panamá*
América do Sul - Buenos Aires*Caracas*Bogotá*

Brasil
São Paulo*Rio de Janeiro*Belo Horizonte*Manaus*Maceió*Recife*Brasília*
Pelotas*Rio Grande*
Porto Alegre

O Bonde

Veículos deste tipo podem ser encontrados em todas as médias e grandes cidades do Mundo.
Só no Brasil ele tem o nome:
“Bonde”

Em outros países a palavra que designa esse meio de transporte significa “veículo”, como:
Em inglês: “street-car”,
Em espanhol: “tranvia”.

Tal nome traz uma história singular:
- A primeira linha de bondes estendida em nosso país pelo americano Charles B. Greenough obteve os dinheiros necessários para a empreitada e fundou a Companhia Jardim Botânico, garantindo o capital dos investidores mediante um tipo de papel selado, comum na Inglaterra, conhecida por “Bond” (ação, apólice), pois não conhecia outro termo.
As pessoas compraram as “bonds”, o povo ligou o nome do documento ao veículo que o tornara possível.
E, ainda, a todos os veículos desse tipo que passaram a trafegar em todas as cidades do país, a partir do início do século XX.

Bonde Tração Animal

Os primeiros bondes eram puxados por burros ou mulas, o qual prestou bons serviços.

Bonde Elétrico

- O Bonde Elétrico, invento do alemão Werner Siemens apresentara na Europa. Siemens foi um genial inventor eletrotécnico. Seu nome está ligado a uma série de respeitáveis inovações no campo da eletricidade. Pois enveredou pela aplicação dessa força nos serviços de transporte.
Sua primeira tentativa foi apresentada ao público como uma diversão.

Em 1879, é realizada em Berlim (Alemanha) a Exposição de Ofícios, era bastante vasta e apresentava muitas novidades. Siemens compreendeu a boa oportunidade de demonstrar um veículo que percorresse todo o recinto da Exposição, conduzindo comodamente um número regular de visitantes. Durante os 4 meses da mostra, o bonde de Siemens (um único carro) transportou exatamente 86.400 passageiros.
Milhares desses visitantes da Exposição e passageiros do bonde de Siemens eram estrangeiros, atraídos pelos anunciados grandes avanços da ciência e da técnica em todos os ramos.
Desses, alguns voltaram impressionados com o veículo. Procuraram Siemens, pediram preços, fizeram compras. Enquanto na própria Alemanha o veículo era considerado brinquedo, em outros países passou solução para o problema de transporte urbano.

Em 1881, o primeiro bonde, tal como conhecemos, circulou em Lichter, vizinhanças de Berlim (Alemanha). Constituiu um sucesso pleno e começou, desde então, a ser uma constante no panorama do transporte citadino em todo o mundo.

No fim do século XIX e início do século XX os bondes elétricos trafegavam no Brasil e nas principais cidades do norte europeu.

No Brasil
Porto Alegre
O Bonde Amarelo

Porto Alegre, capital da província (depois estado) do Rio Grande do Sul situa-se no Delta as margens do Lago Guaíba na ponta norte da Lagoa dos Patos, uma gigante baía dentro do continente com cerca de 200 km de comprimento e 60 km de largura.
A população da cidade passou de 50.000 em 1800,
Para 100.000 em 1900,
Para mais de 1.5 milhões em 2000, e o transporte público teve que se aprimorar no passar dos anos, acompanhando este crescimento populacional.

- Por fim seus bondes amarelos, cor da nossa Carris Porto Alegrense, que também foram pretos e vermelhos se foram para sempre. – Será!
Acompanhe a história do Bonde em Porto Alegre

Século XIX - 1800

Bonde Tração Animal – Trilhos de Madeira

Em março de 1856, no Rio de Janeiro, Cidade Neutra, capital do Império, o Imperador D. Pedro II deu concessão para a primeira linha desses veículos.

Em 1859, no Rio de Janeiro, por força de uma concessão dada ao Lord Cochrane, foi inaugurada a primeira linha indo da cidade (Largo do Rocio) até a Tijuca.

Porto Alegre sempre foi um Porto próspero, e dois comerciantes locais, o brasileiro chamado Estácio da Cunha Bittencourt e o francês chamado Emílio Gengebre, abriram uma linha de bondes de tração animal, puxados por mulas.

A Linha Menino Deus foi à segunda estrada de ferro urbana no Brasil, precedida somente pela linha da Tijuca no Rio de Janeiro, capital do Império, que foi aberta em 1859.

Em 03 de março de 1863, em Porto Alegre, Estácio da Cunha Bittencourt e Emilio Gemgembre, engenheiro francês, encaminham a Câmara a petição necessária para “um trilho de ferro” para carros que diariamente transitam “da várzea junto da grade da Praça Independência até a Praça do Menino Deus pela rua do mesmo nome”.
A Câmara autoriza a obra do serviço de Maxambomba, serviço de bondes, mesmo sistema utilizado no Rio de Janeiro.

Em 01 de novembro de 1864, em Porto Alegre, foram iniciadas as obras de colocação dos trilhos de madeira para o serviço de Maxambombas.
Porto Alegre sempre foi um porto próspero, e dois comerciantes locais, o brasileiro Estácio da Cunha Bittencourt e o francês Emílio Gemgembre, abriram a linha de bondes de tração animal, puxados por mulas.

- A Linha Menino Deus foi à segunda estrada de ferro urbana no Brasil, precedida somente pela linha da Tijuca no Rio de Janeiro, capital do Império, que foi aberta em 1859.
A linha tinha saída na grade da Praça da Independência (atual Argentina) até a Praça do Arraial do Menino Deus pela rua do mesmo nome.

Em 1865, em Porto Alegre, foi inaugurado o Serviço de Bondes (Maxambombas), a qual foi aberta a linha entre a Praça da Independência próximo ao Centro da cidade e o Arraial do Menino Deus.

- Desde a inauguração foi um fracasso, os pequenos veículos (capacidade de 20 lugares) de tração animal corriam em trilhos de madeira, e tendiam a descarrilar quando chovia. Este veículo a vapor que puxava um carro de passageiros e que fracassou pela lentidão, enguiços e ruídos.
Este veículo a vapor que puxava um carro de passageiros e que fracassou pela lentidão, enguiços e ruídos.
O povo apelidou os veículos de "Maxambombas", que era como o carioca chamava sua máquina, um pesado carro a vapor para 20 passageiros, mas aqui em Porto Alegre tem se a certeza que estes veículos utilizavam tração animal, como os bondes que o sucederam.
Mesmo assim o serviço durou até 1873.

Primeiros bondes de Porto Alegre - 1865

Bonde Tração Animal – Trilhos de Ferro

Em 1868, no Rio de Janeiro, a Companhia Jardim Botânico inaugurou o trecho entre a Rua do Ouvidor e o Largo do Machado, com a presença do Imperador D. Pedro II.

Nota:
Os primeiros bondes eram puxados por burros ou mulas, o qual prestou bons serviços.

Em 1872, no ano do “primeiro Centenário de Porto Alegre”, a cidade recebeu um grande presente do Governo Imperial, é autorizada a instalação de uma empresa ferro carril.
Na época Porto Alegre tinha 44 mil habitantes e 6 mil moradias.

Nota:
A nova empresa adotou o sistema inglês da Bond and Share (origem da palavra “bonde” no Brasil).

Em 19 de junho de 1872, é fundada por Decreto Imperial, de S.M.I. D. Pedro II, uma nova companhia, Carris de Ferro Porto-Alegrense - CFPA adquiriu bondes novos de John Stephenson em Nova Iorque, EUA.

Sete meses de obras para instalação dos trilhos de ferro, instalou novos trilhos de medidas em metro ao longo do mesmo percurso da linha anterior.

Em 04 de janeiro de 1873, é inaugurada a linha, um bonde puxado não por burros, mas como a ocasião pedia por uma garbosa parelha de cavalos brancos que conduziu autoridades civis, militares e religiosas desde a Praça da Argentina, junto a Avenida atual João Pessoa, no Centro, até o Arraial do Menino Deus.
Arraial que se ornamentou e as pessoas aplaudiram a passagem do veículo

Foi a primeira viagem em bonde da Cia. Carris que começou a transportar os porto-alegrenses, início de uma “Era Histórica na Capital”.

Embora fossem carros relativamente leves, abertos nas laterais, a dupla de animais precisava de reforço nas subidas.
Outra parelha ficava no pé das ladeiras, ajudava a puxar o bonde até o topo e depois era levada de volta ao ponto de espera.
Era comum, os passageiros descerem para ajudar os muares, condutores mal preparados ou mulas teimosas.

Os bondes tinham apelidos, o sem toldo era o “Vagabundo”, outro era o “Guaíba”, por ser grande.

O primeiro depósito de bondes de Porto Alegre foi construído na Avenida João Pessoa em 1873.

Em 1873, aconteceu uma das maiores enchentes da história da cidade e interrompeu a linha por meses.

Em 1874, novos percursos foram abertos, um saindo do Mercado e outro da Igreja da Matriz, passando pela Várzea (atual Parque Farroupilha), neste ano ficaram prontas as ligações entre a Várzea e o Cemitério da Azenha e entre o Mercado e a atual Avenida São Pedro na Floresta.

Nesta época eram transportados 40 mil passageiros por mês.

Em 1875, os proprietários da empresa entraram em confronto com a autoridade municipal, exigindo aumento de tarifa acima do estabelecido. Mas perderam a briga.

Durante os anos 1880, uma terceira companhia foi criada, Carris Urbanos de Porto Alegre - CUPA instalou trilhos com medidas padrão de 1.435 mm e abriu novas rotas de bonde em outras partes da cidade.

The lithograph below shows a tram passing a German trade fair in 1881 (col. Metropolitan Museum of Art, New York)

Em 1892, no Rio de Janeiro, é inaugurado o “primeiro bonde elétrico” com a presença do então presidente da República Marechal Floriano Peixoto, com seu chapéu coco.

- O Bonde Elétrico chegou tarde ao Brasil, invento do alemão Werner Siemens apresentara na Europa em 1874.

Em 1893, a concorrência se instalou, com a instalação da CUPA, quem ganhou foi a cidade, abriram-se várias linhas novas, que serviram os atuais Moinhos de Vento, Floresta, Partenon (onde o Hospício São Pedro existia desde 1884), Bom Fim, Santana e São João.

Muitas das primeiras linhas atendiam interesse dos loteadores, a associação entre a companhia de bondes e os proprietários de terras não demorou a acontecer, tem o caso de Manoel Py, então dirigente da Companhia Carris de Ferro, direcionava os trilhos para essas áreas, que logo se transformariam em loteamentos. Doava terras para a abertura de ruas, em seguida mobilizava recursos para que fossem instalados os trilhos, assim foi com a Medianeira, Navegantes, Glória e São João.

Em 1895, Manoel Py, cedeu espaços ao poder público para o prolongamento da atual Avenida Franklin Roosevelt e para a abertura de praça e ruas, como Pernambuco, Ceará, Bahia, Paraná, Amazonas e outras. Lucrou loteando os terrenos ao longo de suas vias.

Até 1899, novas linhas para a Glória e Teresópolis.

Século XX - 1900

Este cartão postal mostra o bonde de medidas padrão (esquerda) e os bondes de medidas em metro (direita) na Rua dos Andradas por volta de 1900

Bonde Elétrico

Em 24 de janeiro de 1906, a Companhia de Carris de Ferro Porto-Alegrense - CFPA e a Companhia de Carris Urbanos de Porto Alegre – CUPA, se fundiram e formaram a nova Companhia Força e Luz Porto-Alegrense - CFLPA, que mais tarde passou a operar todas as rotas de bonde e serviços elétricos na cidade. A CFLPA começou a eletrificação do sistema de bondes, estabelecendo medidas padrão de 1.435 mm, bitola.

Em 22 de agosto de 1906, foi encomendado 37 bondes elétricos da United Electric Co. em Preston, Inglaterra. (United Electric foi renomeada em 1918 e se associou com a Dick, Kerr & Co.), foram numerados de 1 a 37.

A fotografia abaixo, tirada na Inglaterra antes que embarcassem para o Brasil, mostra um dos 35 carros de 8 bancos, que foi numerado de 1 a 3.

Os bondes 36 e 37 eram de dois andares, com 8 bancos no primeiro andar e mais 7 colunas de assentos no teto.

- A cidade de Porto Alegre foi à “única do Brasil a utilizar bondes de dois andares”, apelidados de “Imperiais”, também conhecidos pela população como “Chopp Duplo”. Eles serviram durante poucos anos, pois não tiveram boa aceitação, por não ter teto.

Esta foto do nº 36 foi tirada na Inglaterra

Em 10 de março de 1908, em Porto Alegre, inaugura os “tramway elétricos” Sistema Eletrificado Ferro Carril, os bondes 36 e 37 de dois andares, com 8 bancos no primeiro andar e mais 7 colunas de assentos no teto abrem a linha de bondes elétricos em Porto Alegre.
Os bondes elétricos tiveram boa acolhida por parte do público, pois diminuíram o tempo e aumentou o número de viagens aos seus destinos.

O Cartão postal abaixo mostra a mesma esquina da Rua dos Andradas que a terceira imagem acima, mas após a eletrificação. O segundo andar do bonde de dois andares foi coberto. Um bonde de um andar se aproxima à distância

Os bondes elétricos de Porto Alegre tiveram boa acolhida por parte do público, pois diminuíram o tempo das viagens, e aumentou o número de viagens aos seus destinos.
As linhas iniciais foram:
- Menino Deus, Partenon, Glória e Teresópolis.

Este cartão postal mostra um dos bondes de um andar na Rua Voluntários da Pátria

Em 1914, circulou o último bonde de tração animal, que atuavam desde o dia seguinte à viagem inaugural, os burros e as mulas pegaram no pesado, por mais 60 anos.

Os animais tinham dificuldade de levar os veículos lotados até as partes altas do Centro. Para facilitar a subida, a Cia. Carris mantinha parelhas sobressalentes de burros no começo das ladeiras, que juntavam-se aos outros dois.
Mesmo assim, muitos passageiros (homens) desciam e empurravam o bonde, com pena dos animais.

Entre 1909 e 1920, a United Electric enviou para CFLPA mais dois bondes de dois andares, numerados: 38 e 39, oito bondes pequenos e abertos, numerados: 40 a 47, e quarenta bondes fechados, numerados: 48 a 87.

Uma foto tirada pelo construtor do bonde 67 do último grupo

Em 1920, as linhas existentes eram:
- Menino Deus, Partenon, Glória, Teresópolis, Moinhos de Vento, Navegantes e São João.

Bonde na Rua Marechal Floriano - Porto Alegre - 1920

Nos anos de 1920, os bondes abertos foram fechados e os quatro bondes de dois andares foram transformados em bondes com um andar.

O bonde 70, abaixo, em 1957 é da série 48-87 da United Electric mostrada no bonde 67 acima. O "T" identifica a linha TERESÓPOLIS

Outra foto do bonde 70 da United Electric na linha TERESÓPOLIS

Nos anos 1920, circularam os bondes elétricos com reboque, os reboques eram na verdade antigos veículos de tração animal convertidos para esta nova função. Os reboques eram chamados de "Operários", por conta de sua tarifa mais baixa, mas o povo os apelidou de "Caradura".

Vemos duas composições de bondes elétricos com reboque cruzando na Rua Voluntários da Pátria, em Porto Alegre, nos anos 1920

Bonde com reboque na Rua 7 de Setembro - Porto Alegre – 1920

Vemos na imagem um bonde elétrico com reboque trafegar pelo Largo Montevidéu, em Porto Alegre, no ano de 1920

Em 1925, a CFLPA encomendou dez bondes fechados da Ateliers de Construction Energie em Marcinelle, Bélgica: - cinco de vagão único, numerados de 88 a 92, e cinco de vagão duplo, numerados de 101 a 105.

Em 1926, o Governo Brasileiro dissolveu a Companhia Força e Luz de Porto Alegre e formou companhias separadas para transporte e serviços:
- A nova operadora do serviço de transporte por bondes era a Companhia Carris Porto-Alegrense - CCPA.

Em 13 de novembro de 1928, a CCPA foi adquirida pelo conglomerado americano, Electric Bond & Share, criando a Companhia Carris Porto-Alegrense/ Electric Bond & Share – CCPA/ EBS,

A empresa prestadora do serviço, a Companhia de Carris Porto Alegrense/ Electric Bond & Share, iniciou um programa de modernização da frota, com a aquisição, a partir de 1928, de veículos de diversos fabricantes.

Em 31 de dezembro de 1928, a nova CCPA/EBS encomendou 20 bondes de vagão duplo da J. G. Brill na Filadélfia, EUA, que foram numerados de 106 a 125 em Porto Alegre.

Bonde Brill 117 da sua série, levemente modificado, fotografado na Av. João Pessoa em 1957. Na placa de identificação lê-se MENINO DEUS

Em 1929, a CCPA/EBS comprou 32 bondes "Birney" de segunda mão de Baltimore, EUA, que foram numerados de 126 a 157, e oito do mesmo tipo da Eastern Massachusetts Street Railway, perto de Boston, EUA, que foram numerados de 158 a 165. Todos haviam sido construídos pela Brill no início dos anos de 1920.

Em 1933, a CCPA construiu 10 carros "Birney" por si própria, os chamou de Millers e os numerou de 166 a 175.

Em 1934, adquiriram 20 bondes de segunda mão da Richmond Railways, em Staten Island, Nova Iorque, EUA, que haviam sido construídos pela Osgood-Bradley em Massachusetts nos anos de 1920. Eles sofreram bastantes reformas em Porto Alegre e foram numerados em uma nova série de 1 a 20.

Nesta foto de 1957 é possível ver o bonde Staten Island 12 com cores bem diferentes. Este bonde está designado para a AUXILIADORA

Em 1935, houve a mudança de mão de circulação, pois os bondes trafegavam na mão esquerda, por conta da influência dos ingleses, que implantaram o serviço de bondes elétricos.

Em 1936, a CCPA comprou mais 20 bondes da Eastern Massachusetts Street Railway, construídos em 1923 pela Kuhlman, que foram numerados de 21 a 40.

Em 1937, eles juntaram 14 Baltimore Birneys, foram construídos sete bondes de lado curvo e eixo duplo, que foram apelidados de “Texanos” e numerados de 41 a 47.
O número 47 é designado DOM PEDRO II.

No ano de 1940, trouxe consigo quatro bondes grandes de York, Pensilvânia, EUA. Três unidades principais construídos pela Brill foram numeradas de 176 a 178, depois de 101 a 103; um "Eletromóvel" construído Osgood-Bradley foi numerado 179, e depois 100.

O bonde Brill 102, ex-177, fotografado na Av. Protásio Alves, perto do fim da linha PETRÓPOLIS

Em 1940, também chegaram doze bondes de 12 janelas que da Perley Thomas Car Works em High Point, Carolina do Norte, EUA, construiu para a cidade de Miami em 1925. Eles foram numerados de 180 a 191 em Porto Alegre, e depois renumerados de 88 a 99.

Uma foto do ex-bonde de Miami, número 98 em Porto Alegre, designado AZENHA

Em 1946, mais 25 bondes de eixo duplo, construídos pela Osgood-Bradley, em 1927 para a Worcester Street Railway em Massachusetts, EUA, foram enviados para Porto Alegre. Sua nova numeração em Porto Alegre foi de 126 a 150.

Ex-bonde da Worcester, número 137 em Porto Alegre, fotografado em 1957

Com os 130 bondes Americanos, 89 Ingleses e 10 da Bélgica, e suas adaptações realizadas nas oficinas da Cia. Carris, fez de Porto Alegre o maior Museu de Bondes em operação do mundo.

Um ticket da CCPA – "válido até 1968":

Ficha da CCPA:

Em 1950, haviam os veículos fechado do tipo de dois trucks, que foi adquirido pela administração norte-americana com a finalidade de modernização da frota.
Nesta época, a concorrência dos ônibus e lotações começava a se intensificar.

A imagem mostra um bonde da Cia. de Carris Porto Alegrense trafegando pela Av. Borges de Medeiros, em Porto Alegre, em 1950

Em 29 de novembro de 1953, foi aprovada na Câmara Municipal de Porto Alegre a encampação pela Prefeitura de Porto Alegre do controle acionário da empresa americana CCPA/ Electric Bond & Share.

Com o programa de importação de veículos pela Eletric Bond & Share, tornaria Porto Alegre a meca para entusiastas de Bondes Norte Americanos nos anos de 1950 e 1960, um verdadeiro Museu a céu aberto..

Em 19 de fevereiro de 1954, os americanos retornaram a operar no transporte da cidade. O novo Departamento Autônomo de Transportes Coletivos - DATC, informou que até 1961, 89 milhões de passageiros foram transportados pelos bondes em 105 anos do sistema.

A imagem mostra um bonde Brill Birney (1928), da DATC, linha Navegantes.
Parado em frente à Escola Normal 1º de Maio, em Porto Alegre – 1963

A imagem mostra um bonde Brill (1928) da DATC, linha Auxiliadora - 1963. Está na Praça 15 de Novembro

Trolleybus

No dia 07 de dezembro de 1963, o DATC decidiu substituir o transporte sobre trilhos por ônibus (pois os bondes eram considerados muito lentos) e inaugurou a linha Trolleybus, cinco unidades Massari deslocaram-se entre o Gasômetro e o Menino Deus, pelas ruas onde os bondes de tração animal originaram as linhas de bonde 102 anos antes.
Planejava-se instalar 100, mas foram comprados nove, sendo quatro usados. Entre os investimentos, será necessário readaptar a voltagem das redes dos bondes. Os trólebus acabaram vendidos para a cidade de Araraquara, São Paulo.

Vemos na imagem um bonde Brill (1928) da DATC, linha Partenon - 1968

A imagem mostra um bonde Perley Thomas (anos 30 e 40) da DATC, linha Azenha - 1968.

Em 1969, a linha instalada do Trolleybus foi fechada.

O Passeio da Saudade

Exceto pela cidade de Santos (SP), em 1971, Porto Alegre foi o último “grande sistema de bondes” a encerrar as atividades no Brasil.

Porto Alegre foi a segunda cidade a instalar o sistema de Bondes no Brasil e a penúltima a encerrar a atividade.

Em 08 de março de 1970, “62 anos depois da inauguração do primeiro Bonde Elétrico, o prefeito de Porto Alegre Thelmo Thompson Flores, jornalistas e convidados percorreram as linhas: - Partenon, Glória e Teresópolis.
Naquele dia, os passageiros não pagaram passagem, o DATC utilizou o último bonde o número 113 em Porto Alegre.

Em 09 de março de 1970, começou o trabalho de retirada dos trilhos dos bondes ou sua cobertura com asfalto.

Ônibus

Foi uma morte anunciada, pois nos anos 1950, os ônibus transportavam mais e mais passageiros.
As distâncias ficaram maiores com a expansão e desenvolvimento da cidade e os bondes muito lentos, foram ficando para trás.

Destino dos Bondes

A maior parte da frota de bondes foi destruída, mas o DATC guardou o “Texano” número 46 e vários “Brills”, incluindo o 113 e o 123.

O bonde número 113, que foi o último a operar em 1970, encontra-se agora no Museu Joaquim José Felizardo, na Rua João Alfredo, em Porto Alegre.

O número 123 está atualmente na recepção do escritório da Cia. Carris Porto-Alegrense na Rua Albion.

Outros Sistemas

Aeromóvel VLT

No dia 11 de abril de 1982, o primeiro trecho de 0.6 km do nada convencional Aeromóvel de Porto Alegre (tipo de VLT), operado pela Coester, começou a transportar passageiros, em nível experimental pela Av. Loureiro da Silva, contendo duas estações, partindo do Gasômetro até o prédio da Receita Federal.

Trensurb

Em 04 de março de 1985, trem sobre trilhos, os primeiros 27 km do Metrô de superfície, operado pela Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. - Trensurb, foram inaugurados.
As medidas são de 1.600 mm e os trens foram construídos pela Nippon Sharyo, no Japão.
A linha foi estendida e está em operação nos dias de hoje, atende Porto Alegre e outros 5 municípios da Região Metropolitana.

Durante os anos de 1990, o bonde número 123 foi colocado na Praça XV de Novembro, no Largo Glênio Peres, sobre trilhos ali instalados, como lembrança do passado recente, depois o bonde foi retirado.


A fotografia abaixo foi tirada em Julho de 1994. Um pedaço do trilho permaneceu, mas a fiação aérea foi retirada há muito tempo atrás.

Século XXI - 2000

Em maio de 2003, a Trensurb, o Ministério das Cidades, a Prefeitura de Porto Alegre, a Carris, a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) e a Associação Cultural Amigos do Bonde firmaram convênio visando realizar estudos e projetos para viabilizar a implantação do Projeto “Bonde Histórico de Porto Alegre”.

A fotografia abaixo, de dois Brills não identificados e do Texano 46, foi tirada em Outubro de 2006, em um parque perto de Gravataí, 30 km a leste de Porto Alegre

Bonde Histórico

Projeto Bonde Histórico – a Trensurb trabalha para trazer de volta o charme dos bondes para a capital dos gaúchos.

Encampado pelo Projeto Monumenta, que prevê uma série de ações para revitalizar o centro cultural da capital gaúcha, a ação propõe reintroduzir o tradicional veículo, desativado em 1970, com uma rota que vai do Mercado Público até a Usina do Gasômetro, valorizando, assim, uma região de grande potencial turístico da cidade.

Para captar estes recursos, a Associação Cultural Amigos do Bonde irá encaminhar uma solicitação de Apoio a Projetos, na modalidade de mecenato, junto ao Ministério da Cultura, assim que o projeto de engenharia e operacional estiver concluído pela Trensurb. Definindo os custos exatos do mesmo, à Trensurb, caberá a gestão do projeto.

Confira o traçado da via, a localização das estações de embarque/ desembarque e outras informações acessando o link abaixo:

Metrô

Em 12 de maio de 2011, quinta-feira, o Ministério das Cidades confirmou a construção do Metrô em Porto Alegre, depois de vinte anos de idas e vindas.
O valor total da obra deverá ficar em R$ 2,486 bilhões. Porém, com os abatimentos, provenientes das isenções fiscais o valor chega a R$ 1,580 bilhão (fonte jornal ZH).

Com um trajeto de 15 quilômetros, a linha começará na Esquina Democrática, no Centro, e se estenderá até a sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), na Avenida Assis Brasil, região norte da Capital.

O prefeito de Porto Alegre José Fortunati, que participou nesta manhã de uma reunião em Brasília, saiu otimista do encontro:

Os questionamentos foram respondidos com tranqüilidade, mostramos que temos um projeto operacional, que, além de servir para integrar o sistema de transporte em Porto Alegre, integra também com a Região Metropolitana.

O Secretário Nacional de Transportes e Mobilidade Urbana, Luiz Carlos Bueno de Lima, confirmou o projeto para Porto Alegre.

Tenho certeza que Porto Alegre será contemplada. O projeto da linha 2 é uma proposta defensável que realmente melhora a qualidade de vida da população.

A expectativa do executivo municipal é que o metrô de Porto Alegre comece a fazer suas primeiras viagens apenas em 2017.
A construção deve começar a ser executada no segundo semestre de 2012 e levar de quatro a cinco anos para ser concluída.
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Curiosidades:

“Ônibus”

Em 1926, o primeiro ônibus começou a circular em Porto Alegre, começa a concorrência com o bonde, que perderia a batalha com tempo e paciência.

“Bonde da Polícia”

Bonde norte-americano fabricado em 1927 e que pertenceu a Companhia Carris Porto-Alegrense foi reformado em agosto de 2007 pelo Departamento de Polícia de Trânsito do Rio Grande do Sul. O veículo que já transportou os habitantes de Nova York, de Boston e da capital gaúcha, agora serve de local para o atendimento das ocorrências criminais no trânsito de Porto Alegre.

"Choro composto em um bonde"

Em 1917, o músico Octavio Dutra (1884-1937) embarcou em um bonde da Cia. Carris em Porto Alegre, sentiu-se inspirado e começou a rabiscar em uma folha de papel. Nascia, há 90 anos, o "Choro composto em um bonde”, que você escuta neste vídeo que mostra fotos antigas dos veículos elétricos da Carris na capital do Rio Grande do Sul. Músico exímio, compôs cerca de 500 canções, entre valsas, choros, polcas e outros ritmos. Recordista nacional de direitos autorais em gravações de discos no ano de 1915, formou um grupo, o Terror dos Facões, que é considerado um dos melhores da história do choro brasileiro.

"O bonde na Revolução de 30"

A luta mais acirrada foi a do quartel do Exército contra os revoltosos da Rua Vieira de Castro, no Bom Fim.
À noitinha de 03 de outubro de 1930, quando a chuva começava a cair, e no momento em que as balas voavam para todos os lados, um bonde lotado passou pela esquina da Rua Venâncio Aires, obrigando os passageiros a se atirarem no assoalho, o susto e a gritaria foram grandes.
Ali, a rendição só aconteceu às 10h da noite.

“Carnaval no Bonde”

Na década de 1950 e 60 durante o período de carnaval, havia o Bonde do Carnaval, onde as pessoas fantasiadas que se deslocavam para os desfiles ou bailes, começavam a festa junto aos bondes. – Bons Tempos!

Bonde (+) Aeromóvel (+) Transbordo (+) VLT (+) Lotação (+) Táxi (+) Ciclovia (+) Metrô (+) Automatização
=
Cidade Perfeita

Conclusões
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Corredor Cultural
Por Filipe Wells

A idéia é de que seja criada uma linha de bonde elétrico que passe pelos principais pontos turísticos e culturais do Centro Histórico, como Praça XV, Mercado Público, MARGS, Memorial do RGS, Santander Cultural, Museu Hipólito da Costa, CCMQ, Área Militar, Igreja das Dores, Cais Mauá e Usina do Gasômetro.
Nas estações, deve haver quiosques com informações sobre as localidades visitadas e acerca da história deste meio de transporte em Porto Alegre.
Dois carros antigos devem ser restaurados para voltarem a circular em um trajeto de 3,3 mil metros de trilhos e via aérea simples.
Apesar de a promessa de retomada do bonde já ter cerca de uma década, foi só no final de 2009 que ganhou consistência. Isso porque a prefeitura pediu a inclusão da proposta no Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur).
– É um equipamento diferente. Remete ao passado, tem um aspecto lúdico – afirma o secretário municipal de Turismo, Luiz Fernando Moraes.
O superintendente de Desenvolvimento e Expansão da Trensurb, Humberto Kasper, cita Santos, no litoral paulista, como um exemplo em que a implantação teve sucesso.
– O bonde traz vida. As pessoas se deslocam muitas vezes só para andar nele – afirma. Além de avaliar o impacto da inserção do bonde, o estudo de viabilidade servirá como base do projeto de implantação da atração turística.
Ainda não há previsão de prazo para que o veículo retome as ruas.

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Provável Trajeto

Saída do antigo Abrigo dos Bondes, seguindo pela Rua Sete de Setembro, Rua General Portinho, Rua dos Andradas e Rua General Salustiano onde será executado um terminal. O trajeto de volta passa pela Rua General Salustiano, Rua dos Andradas, Rua Vigário José Inácio e Avenida Otávio Rocha, novamente Praça XV de Novembro.

Diretrizes, formuladas pelo Grupo de Trabalho do Programa Viva o Centro composto pelas seguintes secretarias: SPM, SMAM, SMIC, SMC, SEASIS, EPTC e PGM.
Processo para captação do projeto executivo através de Lei Renout em andamento, com captação de recursos junto a estatais.

Investimento:
Custo estimado do projeto R$ 600.000,00
Custo estimado da obra: R$ 17.000.000,00
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Propostas:
Aproveitar o projeto de revitalização do Cais Mauá e integrá-lo com o Projeto Bonde Histórico.

Corredor Cultural ou Anel Cultural

O traçado do bonde vai até próximo à Usina do Gasômetro segundo o projeto. A partir daí pela minha proposta seguiria em direção ao caís, sendo interligado com os trilhos, ainda existentes junto aos armazéns.

Daria para fazer também uma ligação entre o Cais Mauá e a Praça da Alfândega pela Avenida Sepúlveda, fazendo assim com que o trajeto seja circular.

Imaginem pegar o bonde no abrigo da Praça XV, passar em frente ao Mercado Público pelo Largo Glênio Peres, Prefeitura, Av. Sete de Setembro, entrar na Praça da Alfândega em frente ao Santander Cultural, em seguida o bonde dobra pela Av. Sepúlveda entre o Memorial do Rio Grande do Sul e o MARGS, indo em direção ao Pórtico Central do Cais Mauá, virando em direção ao Largo do Gasômetro (percorrendo os trilhos ainda existentes entre os armazéns e a Avenida Mauá, fazendo assim ainda mais jus ao nome Bonde Histórico.
O trajeto de volta seria o original do projeto, desde o Gasômetro pela Rua da Praia, descendo a Rua Vigário José Inácio e Av. Otávio Rocha, Abrigo de bondes da Praça XV.

Assim teria uma ótima integração de todo o projeto de revitalização do centro, "levando a Rua da Praia novamente à beira do Guaíba de bonde, via Cais Mauá.

Poderia ainda haver uma linha de bondes modernos (os VLT que vemos por varias cidades pela Europa) compartilhando a mesma via. Afinal apenas 2 bondes antigos serão reformados para circular nesse projeto.
O VLT iria cobrir a capacidade ociosa dessa linha, integrando-se com o Trensurb, o Portais da Cidade e a futura linha 2 do metrô - criando assim um interessante Multi-modal de Transporte Público no centro, completamente integrado com sua revitalização.
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O Bonde da Capital

“...E deixo o bonde depositado em meu ferro-velho sentimental.
Aqui. Parado.
Sonhando.
Quem sabe se um dia…”

Um dia o poeta Mario Quintana escreveu os versos que profetizavam o futuro.
Ainda não há uma data final, mas o projeto Bonde Histórico está nos trilhos e percorre um cronograma com marcos importantes previstos.

Passados 40 anos do dia 08 de março de 1970, quando os freios pararam as últimas rodas do último bonde em Porto Alegre, o retorno está delineado e abrange um plano maior de recuperação do centro da capital.

O antigo veículo elétrico, agora com as vestimentas de um plano turístico, é tratado na prefeitura como âncora do projeto Corredor Cultural, um dos tantos que fazem parte do programa Viva o Centro, área pela qual circulam mais de 400 mil pessoas por dia.

No caso do Corredor Cultural, base do trajeto de uma nova linha de bonde, é preciso mudar a cara das ruas e dos prédios. O que já foi bom ou é bom agora precisa ser realçado, ganhar consistência para atrair as pessoas. E tem muita coisa interessante. Só para citar três exemplos: a Casa de Cultura Mario Quintana, o MARGS e o Memorial do Rio Grande do Sul.
Alguém imagina quantos minutos ou horas dá para gastar nestes lugares sem sentir o tempo passar? Criar um ambiente agradável é imprescindível, e para se ter uma rápida idéia do que isso significa:
– A Rua Sete de Setembro, que já foi de cinema e de bancos, deverá ser bem redesenhada. A calçada será alargada para receber bares e restaurantes, e os proprietários de prédios serão estimulados a tornar as fachadas atraentes.

Faltam muitas respostas para o projeto, inclusive as técnicas. Como os porto-alegrenses do novo século reagirão ao bonde é uma das dúvidas.
Convidamos os escritores Moacyr Scliar e Luis Fernando Veríssimo para um exercício de imaginação sobre este velho futuro que se aproxima. Os dois apostam em soluções tecnológicas para problemas como, o ruído excessivo, um Veríssimo mordaz comenta: - a chance de se repetir hoje alguma cena glamourosa de tantas décadas atrás:

– “Glamourosa quem sabe, mas como Porto Alegre ainda tem muitas carroças, puxada a cavado, imagina-se que um acidente com um bonde e uma carroça será uma espécie de apoteose nostálgica”.

Sem ironias, a realidade é que por trás da nova paisagem ficará escondido um trabalho exaustivo de pesquisa sobre o que precisa ser feito nos leitos das ruas para implantar os trilhos, os melhores lugares para as estações do bonde, sinalizações especiais e sobre como será a convivência com automóveis e ônibus pelas ruas do percurso previsto.

Graças à verba de um convênio com a União, o projeto já está sendo tocado.
Se o bonde andar mesmo, daqui a algum tempo poderemos descobrir se Scliar tinha razão neste comentário:

– “Muitos romances devem ter nascido em bondes,
e nada impede que isso aconteça de novo…”

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Lembranças sobre os trilhos da Capital
Por Mario H. Miotto

- Mario morava no Bom Fim, próximo do Instituto de Educação. Utilizei bastante os bondes do Menino Deus, pois cursei o CPOR situado na encosta do morro Santa Tereza. A pé, por meio da Redenção, eu ia para a Rua da República e, por ela, até a Rua José do Patrocínio, onde tomava o bonde que iniciava a viagem no abrigo da Praça XV, atrás da Casa Guaspari.
O bonde subia a Av. Borges de Medeiros, passava sob o viaduto da Rua Duque de Caxias, dobrava à esquerda na Praça Gen. Daltro Filho e seguia pela Rua José do Patrocínio. Dobrava à direita na Rua da República até a Rua João Alfredo, pela qual chegava à Av. Getúlio Vargas, terminando seu percurso na José de Alencar, próximo da Av. Praia de Belas.

Em vias com canteiro central, como a Borges e a Getúlio Vargas, a linha do bonde era ao longo dos canteiros, e o embarque e desembarque eram pelo lado esquerdo do veículo, que não tinha portas. Nas demais vias, era pelo lado direito. Até o início dos anos 1950, os bondes eram o único meio de transporte coletivo em Porto Alegre, em função da exclusividade de que gozava a Companhia Carris Porto-Alegrense.
Nesse tempo, foi encontrada uma "brecha" que permitiu a operação de microônibus, sendo que no Menino Deus a empresa se denominava Trevo, que, posteriormente, como outras, passou a operar com ônibus.

Nos bondes, viajavam pessoas comuns, de humildes a bem vestidas, senhoras de bolsa e salto alto, gente chique mesmo. Os homens cediam lugar para as damas, e os jovens também cediam lugar para pessoas mais velhas. Coisas quase inimagináveis atualmente. O cobrador, uniformizado com roupa caqui, calça, casaco, camisa, gravata e quepe, percorria o bonde de um extremo ao outro. Nas paradas, ele saía de um extremo e entrava pelo outro. As cédulas, ele dobrava no comprimento e colocava no vão entre dois dedos de um das mãos. As moedas, muito comuns na época, eram acomodadas na outra mão, com os dedos unidos, formando quase uma concha, como uma pilha.
O cobrador andava, tendo que lembrar quem havia pagado e quem não, e fazia um movimento com as moedas que tilintavam, avisando aos passageiros, que ele estava chegando, para prepararem o dinheiro.

Pensamento:
Ninguém Pensa,
Ninguém Planeja,
Ninguém Projeta,
Ninguém se Comunica,
Cada Governante, cada Responsável, coloca uma idéia na cabeça, e pronto, é isto.
- Falta continuidade, visão e planejamento.

Faltou mencionar as Floristas, que fazem falta no entorno.

Falta o Charme!